Do que você é feito? Com quase 100% de acerto, a resposta é: MISCIGENAÇÃO!
Então por que cargas d'água ainda convivemos com tanto racismo no Brasil?
Rio Vermelho, o novo lançamento da Luva Editora, com certeza te trará inúmeras reflexões sobre essa questão.
DADOS DA OBRA:
História Coautoral
Tamanho: 16×23
180 páginas Gênero:Terror/Horror Público: Adulto
Nota: 🌟 🌟 🌟 🌟 🌟
A Ilha de Itaparica é um lugar de beleza paradisÃaca. Mas também um lugar de mistérios insondáveis, que padre Cipriano está prestes a conhecer! Quando a noite cai sobre a Ilha é possÃvel ouvir o pio agourento das corujas e o estalido do açoite que martirizava os negros escravizados, e também o eco dos atabaques incentivando os filhos de fé a continuarem em sua luta! O clamor que vem das senzalas revela que se aproxima a hora de Xangô fazer justiça!
Sobre o Projeto:
O ano de 2017 foi marcado por momentos em que a intolerância atingiu várias casas de religiões de matrizes africanas no paÃs. A violência que marcou esse processo foi noticiada nas redes sociais, através da postagem de vÃdeos que denunciaram esses atos de barbárie.
Diante disso, a Luva Editora resolveu criar uma proposta diferente: uma oficina de escrita criativa que envolveu 23 autores, que produziram em conjunto um terror histórico: o romance coletivo Rio Vermelho.
Organizado por Vitto Graziano e elaborado a partir do levantamento, e correções, da historiadora Marcia Medeiros – com auxÃlio dos nomes do terror Cesar Bravo, Oscar Nestarez,Cæsar Charone, Hedjan Costa, W.F. Endlich,  Carlos H. F. Gomes e Luciano Pezzan – a obra traz um roteiro que discute questões referentes ao racismo, à intolerância religiosa e a necessidade de discutir a nossa origem enquanto nação. Rio Vermelho busca resgatar uma proposta de respeito a diversidade e ao outro.
A Luva convida você a se aventurar nestas páginas e conhecer momentos de puro terror, nos quais a maldade humana pode alcançar limites impensáveis! Mas acredite… Ainda há uma esperança!
Também participam desse projeto, os autores: Fábio Fernandes, Renata Maggessi, Alan de Sá, Bruno Godoi, Talita Facco, Brunna Brasil, Ricardo Ventura, Henrique de Micco, Soraya Abuchaim ,Gustavo Lopes, José Beffa, Isaque Lazaro, Thiago Kuerques e Jonatan Magella.
MINHA EXPERIÊNCIA DE LEITURA:
Rio Vermelho é um mergulho.
Em nossas origens e em nossos erros. Em nossos traumas e em nossa luta. É mais do que tudo, um voltar ao passado que nos faz entender – e ressignificar – o presente.
Antes de tudo, tenho a honra de dizer que fui coautora nesse projeto, mas só pude ler o manuscrito completo agora, com o lançamento do livro. E minha surpresa foi regada a muita alegria e também emoção. Uma emoção provinda de muitos dos trechos (re)criados por autores ao redor do paÃs, das mais diferentes formações e crenças, dos mais diferentes privilégios e desprivilégios. Todos nós, no entanto, por experiência ou empatia, estamos unidos por uma luta comum: o fim à intolerância étnica e à s religiões de matriz africana.
EGBÉ. Somos todos um.
Já na introdução, da historiadora Márcia Medeiros, somos arrebatados para um mundo cruel, onde homens, mulheres e crianças são tiradas de suas realidades, em geral já duras, para uma vida de escravidão que se inicia com a viagem em navios negreiros (chamados tumbeiros). Em tais viagens, muitos daqueles homens e mulheres morriam pelas condições desumanas a que eram obrigadaos a passar. Eu te desafio a não se sensibilizar com o relato do livro sobre essas condições.
"O que se via ali embaixo era a escuridão... assim como o miasma que ali se respirava, era grossa, suja e malcheirosa... na qual se misturavam os odores de fezes, urina e restos de comida apodrecida com o sangue que escorria dos corpos castigados pela chibata."
Akinsânya, ou Kina, é o primeiro personagem negro a que somos apresentados. Ele é um dos que, ainda muito jovem, tem sua vida ompletamente modificada pela escravidão. Separado da famÃlia, ele tem um destino trágico, que desencadeia reações as quais nos acompanharão até o desfecho do enredo.
A história dele não deixa de ser uma metáfora, afinal todo o preconceito que vivemos ainda hoje é consequência de nosso passado e das feridas que repetidamente insistimos em deixar pra lá. Elas não se cicatrizarão sozinhas, mas ainda assim, nós coletivamente fechamos os olhos à elas.
É essa ferida que o livro cutuca. Recutuca. Abre.
Através dos capÃtulos, somos apresentados a muitos peronagens, brancos e negros, senhores e escravos, do passado e do presente. Eles vão desvelando uma história que precisa ser debatida e assim, através da ficção, abrem um diálogo para o que ocorreu e continua a ocorrer em nossa realidade. Cada estupro, aparição, chibatada e assassinato falam de nós e de nossos antepassados.
A sensibilidade de cada autor torna tudo ainda mais real e tocante e, à medida que avançamos na leitura, descobrimos o que as ações de cada personagem criaram em seu futuro. Acima de tudo, o toque de Rio Vermelho alcança nossa alma e nossas consciências. Estamos realmente empenhados em fazer do mundo um lugar mais justo e pacÃfico? Ou, como povo, apenas nos agarramos a desculpas das mais estúpidas para alimentar o mosntro do nosso ódio gratuito?
Leia Rio Vermelho e descubra a si mesmo!
Estou te esperando no capÃtulo 5... 😉😉