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Brida e o Poder da Linguagem Simples

O poder da linguagem. Muito se fala sobre ele, normalmente em como o que falamos pode afetar outros. Mas e quanto ao que escrevemos? Este pensamento perpassou minha mente enquanto lia pela primeira vez um livro do autor Paulo Coelho. O título escolhido foi Brida e a sensação de que era um livro poderoso talvez tenha me acometido com tanta força justamente por ele ser um livro altamente simples, tanto em seu enredo quanto em sua linguagem.


Brida não é um livro de aventuras ou de intensos dramas pessoais. Ele lida com algo mais profundo, mas nem por isso ameno: a busca de respostas para aquilo que chamamos de “as grandes perguntas do Universo”. Brida O’Brien é a personificação dessa nossa natureza que insiste em indagações complexas e para as quais raramente se acha respostas. A humanidade de que gozamos nos traz frutos tanto maravilhosos quanto dolorosos, e um deles é ter que lidar com o fato de que não temos todas as respostas – e talvez nunca as tenhamos. Essa é a busca de Brida: os grandes mistérios da existência.


Mas não é através do mago que Brida se embrenha num universo místico. Ele é só aquele que lhe dá o primeiro sabor dos ‘mistérios’, mostrando-lhe, por assim dizer, a orla de uma densa floresta. Mas é com Wicca, mestra na Tradição da Lua e aquela que de fato auxiliará Brida em sua caminhada de autoconhecimento.


O livro também é muito sensível ao abordar divagações sobre a essência do amor e da possibilidade de se amar duas pessoas ao mesmo tempo. É claro que o tema é abordado por uma ótica mais espiritualista, mas, independente de sua fé, não deixa de ser uma reflexão muito sóbria, se estiver disposto a transpô-la para a sua realidade ou mesmo se estiver aberto a encarar os ensinamentos passados a Brida como uma verdade potencial.


Brida ficou olhando o movimento do rio, e o movimento das estrelas; era fácil perceber o rio correndo sobre a Terra, mas era difícil notar as estrelas se movendo no céu. Entretanto, um e outro se moviam.

Lorens, o namorado de Brida, é o oposto dela: a representação da ciência e da lógica. A relação entre os dois também não deixa de ser simbólica: o equilibrio entre a razão humana e sua busca pelo místico. Não é afinal um de nossos maiores dilemas equilibrar estes dois opostos? Brida e Lorens mostram que é possível.


E o livro realmente desperta toda essa atmosfera no leitor. Eu me peguei tendo sonhos muito ligados à concepção de magia e fantasia durante a semana em que o estava lendo. Além disso, foi uma leitura bem ‘aos bocadinhos’, pois a cada capítulo em quis pausar e refletir sobre as questões existenciais de Brida – que também são minhas e, de certo modo, de todos nós.


E a simplicidade que Paulo Coelho usou nesta história com certeza foi seu grande acerto. Afinal, quanto mais complexa a coisa, mais precisamos usar de palavras descomplicadas, não é mesmo? O brilho na narrativa de Brida vem dessa simplicidade e do fato de que as vivências da protagonista não precisam de enfeites narrativos para prender a atenção do leitor; a história por si só é inesquecível.


Brida abriu o meu olhar para Paulo Coelho, e sinto que as experiências com esse autor me trarão ainda mais reflexões. Mais do que como autora, esse livro trouxe experiências muito intensas do significado de ser humano…



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